Miguel Torga: A Cegueira dum Poeta
Não desejo ao meu maior inimigo a incapacidade expressiva que se apodera de mim diante de certas paisagens do mundo. Quero, e não posso ir mais além dum inibido deslumbramento. Não é descrevê-las, que gostaria. Era transmitir aos outros o meu próprio êxtase, mostrá-las como as vejo, revelá-las como as entendo. Mas nada disso consigo. Ilumino-as com o íntimo sol da alma, recebo a luz refletida, e fico cego. E a cegueira dum poeta é a sua mudez.
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