Manuel Cardoso: Lutaria Por Um Fim De Tarde


lutaria por um fim de tarde no teu petit trianon,
o céu a carregar-se de desgraça, rubicundo de tanto agosto,
e ser camponês sobre o lago em fogo. Correria ao laranjal
como criança pobre a esperar-te até desceres a escadaria fria.
Paris adoece de peste, de gente em número infinito, mas
eu sou catraio boçal com duas laranjas antigas nas mãos,
a seguir-te por áleas remotas esfumadas de balsas, e mesmo
que pilhada toda a história dos livros, passaria no crepúsculo
o nosso amor proibido, sem que dele se soubesse ou dissesse.

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