Raul Brandão: Memórias
Ainda hoje me penetra a solidão perfumada dos montes. A casa não tinha vidros e à noite o silêncio doirado de estrelas entrava pelas janelas e desabava sobre nós… Há horas em que as coisas nos contemplam, e estão por um fio a comunicar connosco. Às vezes é um nada, um momento de êxtase em que distintamente ouvimos os passos da vida caminhando. O homem sozinho está mais perto de Deus e das coisas eternas. Sabe-lhe melhor a vida, compreende melhor a morte. Um pormenor que o interesse entranha-se-lhe na alma para sempre, como um perfume que nunca mais se esvai…
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E sinto tudo isto com delícia, como quem está para morrer…
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E sinto tudo isto com delícia, como quem está para morrer…
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