Madalena de Castro Campos: David Berman In Memoriam
Há dois meses que não via o sol,
há três semanas que não conseguia
aquecer o quarto.
Durante o dia patinhava na lama
com os pés presos e os lábios arranhados,
à noite, desligava a luz e ficava a olhar
para a janela.
Noite após noite, com o copo na mão,
via-se a si mesma, ele,
no calor húmido do verão de Nashville.
Imaginava-lhe as pernas compridas, a
barba grossa, a voz grave de álcool
e tabaco, a desilusão de quem descobre
que, embora a escrita seja
uma espécie de música,
raramente esta é uma forma de literatura.
há três semanas que não conseguia
aquecer o quarto.
Durante o dia patinhava na lama
com os pés presos e os lábios arranhados,
à noite, desligava a luz e ficava a olhar
para a janela.
Noite após noite, com o copo na mão,
via-se a si mesma, ele,
no calor húmido do verão de Nashville.
Imaginava-lhe as pernas compridas, a
barba grossa, a voz grave de álcool
e tabaco, a desilusão de quem descobre
que, embora a escrita seja
uma espécie de música,
raramente esta é uma forma de literatura.
Comentários
Enviar um comentário